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Trip Report - Um dia no "novo" Hopi Hari

De um ponto de vista crítico, Raphael Figueiredo mostra como 
está o Hopi Hari após as inúmeras mudanças

Olá! Me chamo Raphael Figueiredo e visito o Hopi Hari frequentemente desde 2010, sendo minha segunda casa praticamente. Apaixonado por parques temáticos que sou, dediquei muito tempo da minha vida a estudá-los e estou construindo minha carreira acadêmica em torno deles. A resenha que segue vai ter um olhar um pouco diferente, pois sou estudante de turismo e reparei algumas coisas para ligar com teorias acadêmicas e tudo o mais, e sintam-se livres para dialogar e debatermos nos comentários! Além disso tem também um olhar carinhoso de alguém que quer ver o parque lindo e com sucesso.

O Hopi Hari passou por uma fase muito difícil a partir da segunda metade de 2016. O parque foi literalmente largado pela gestão anterior, chegando a um estado pior do que o Terra Encantada estava quando fechou. Era triste ver o país mais divertido do mundo. Os problemas eram muitos: atrações paradas, dívidas, desgaste avançado da tematização, problemas de pagamento de salários, entre outros. Felizmente, o empreendimento foi comprado por José Luiz Abdalla, que combateu com força todos os problemas e correu para que o Hopi Hari fosse reformado e reinaugurado no último dia 05 de agosto. Visitei o parque dia 13, no final de semana seguinte da reinauguração e pude constatar o que mudou e o que ficou.

Já começando pelo elemento principal: visitantes e operações. Não eram muitos os que estavam
no parque no dia, em comparação com as edições passadas da Hora do Horror, mas dado todo conjunto do que aconteceu, o Hopi Hari acertou em fazer a limitação de público (5 mil por dia) e não começar um marketing agressivo logo de cara. É perceptível que tudo ainda está em fase de testes, aprimoramento e entendimento da complexa operação do parque por parte dos funcionários. Esse estado com uma grande quantidade de pessoas seria um caos. É preferível você ter poucos visitantes e todo mundo sair dali feliz estimulando o boca a boca do que ter muitos dizendo que o parque não mudou nada com a reinauguração.




Os funcionários estão hospitaleiros, a maior parte deles. O carinho com os visitantes é muito palpável, algo que não via no Hopi Hari há muito tempo. É essencial que isso continue, porque eles são a linha de frente entre o parque e os visitantes. São os funcionários que muito respondem sobre uma visita ruim ou boa. Os "habitaris" (funcionários) atuais querem ajudar e solucionar problemas. Isso é a receita de todo bom funcionamento de um parque. A operação dos brinquedos está ótima. Só a do Rio Bravo que eu peguei lenta, mas as outras estavam sensacionais. Destaque para os operadores da Katapul, Vulaviking e Montezum. Os brinquedos pouco deram paradas técnicas e as que houveram foram de fácil solução. Não enfrentei filas em nenhum deles. Trukes di Pinguim, Vulaviking e Giranda Mundi são destaques com seus motores novinhos e potentes e o Rio Bravo, por estar sendo uma das melhores corredeiras que já fui. TÁ ANIMAL!!!!

Entrada do Rio Bravo

Evolution, Eléktron, Ekatomb, Hadikali e La Tour Eiffel fizeram falta no sentido de que eles são a vitrine do parque junto com Montezum, Giranda Mundi e Katapul. Ter eles funcionando ajuda na sensação de um parque vivo, com tudo girando no ar e os gritos ecoando. Mas para viver um dia feliz, a falta deles é quase imperceptível. Para um turista, que está chegando no parque pela primeira vez, ou é um visitante dos tempos áureos, visitar agora pode parecer estranho. Ao seus olhos, ele precisa ver que está tudo funcionando para acreditar que o Hopi Hari realmente mudou e começar um boca a boca maior. É viável dizer que assim que Eléktron, Ekatomb e Evolution voltarem, o parque já pode investir num marketing pesado, preparado para receber turistas e eles terem uma experiência que os convença que o parque mudou.

Além dos brinquedos voltarem, é muito importante que as lojas também voltem. Lojas na saída de atrações ícones como Montezum, Rio Bravo, Vurang, Katapul e Simulakron ajudam muito na intenção de retorno do turista. Ele vai querer comprar algo que lembre a volta sensacional que teve na atração. E a minha sugestão é que essas lojas especificamente tenham muitos produtos exclusivos, que remetem a atração que elas estão. Exemplo: pirâmides sendo vendidas na loja da Vurang, coisas do Super Homem na loja da Katapul, coisas relacionadas ao filme do Simulakron... É estranho passar pelas lojas e ver tudo vazio. Para um turista, isso não causa uma boa impressão.




Sobre o cenário geral: INCRÍVEL o que fizeram em dois meses. Eu nunca vi uma recuperação tão rápida assim. O parque tá com uma atmosfera viva, um astral excelente! Recuperaram uma temática complexa em tempo recorde e de uma forma bem executada. Kaminda Mundi tá linda, recheada de cores, assim como Infantasia. Mas ainda é necessário mais retoques e reformas. Aribabiba ainda tem painéis e adesivos em estado muito ruim, e o prédio-fila da Bat-Hatari precisa urgentemente de uma reforma. Mistieri infelizmente a tinta laranja está quebrando a temática. Infantasia precisa trocar algumas estátuas de personagens, como o Papaléguas quebrado da entrada do Trakitanas, a nota musical no topo do Giranda di Musik, e retocar os personagens da fonte e do Lokolore.






Em Wild West, o antigo espaço da Crazy Wagon e Billi-Billi passam um estado de abandono horrível. Em Kaminda Mundi, o letreiro do Elektron, agora Arkadis, está todo apagado e sem as luzes neón. Tinha um poste quebrado em Infantasia, e todos eles precisam de uma pintura! Acredito que isso tudo já está em mente e sendo providenciado. E reforço aqui a boa estratégia do parque em não se expor para um alto público com todos esses detalhes (é verdade!) ainda para serem consertados. Como sugestão, deixo em recolocar as bandeiras nas gôndolas da Giranda Mundi, que ficaram lindas coloridas, pintar os suportes dela e recuperar a iluminação da roda. Palmas pro parque pela solução rápida encontrada em deixar ela iluminada de novo, mas ela necessita das luzes em todo seu corpo.









A seleção de músicas do parque está ÓTIMA. Foi muito divertido na abertura ver os Looneys dançando as músicas da Anitta e outras atuais. Deu uma magia inexplicável. Agora, a música das áreas está irregular. Só era possível ouvi-las em certos pontos em todas as regiões. A execução do hino de hora em hora fez falta também!

Sobre a alimentação, eu não pude experimentar todos os lanches do parque, mas gostei de cara do hotdog e da pizza. Infelizmente, tive problemas com o hambúrguer no Palácio da Justiça, que estava extremamente malpassado. PONTO FORTÍSSIMO para a Taça Maluka!!!! Que saudades eu tava dela...









Hora do Horror: os túneis fazem muita falta e o palcão também, mas o evento está na medida certa para o público que o parque está recebendo. Os monstros de rua precisam melhorar a atuação, precisam ser mais ativos, e se esconder melhor. O parque se saiu no geral bem para montar o evento em tão pouco tempo.






Terminando, UMA SALVA DE PALMAS E DE PÉ, para essa nova gestão do Hopi Hari, que está transformando o parque em um tempo recorde. Num país como o Brasil, que não ajuda em nada a sobrevida de parque de diversões aqui. Vocês têm facilmente nas mãos o maior equipamento de turismo no Brasil, e lapidem com carinho que terão uma mina de ouro. Fantasilandia e Six Flags México são concorrentes fortes, mas acredito que se manter o ritmo de investimento, o Hopi Hari chega longe.

Alcançando 100% de atrações em operação e término de recuperação da temática, o parque precisa voltar as atenções para as agências de turismo e começar a programar excursões vindas do Brasil inteiro. Não é interessante para o futuro do parque ficar focado somente no estado de São Paulo. Ainda não é o momento, como já foi dito, visto que o parque ainda está em testes, porém esse deve ser o pensamento central daqui a uns 6 meses, por exemplo.



É necessário que ele seja o pioneiro brasileiro a investir em tecnologia, algo já relativamente comum nos grandes parques temáticos estrangeiros. Algumas sugestões são colocar o West River Hotel como um brinquedo de atirar em fantasmas e com pontuação, por exemplo. Além disso, investir em mais interatividade, como Simulakron e Cinemotion com efeitos 4D, de fumaça, vapor d'água. E invistir em atrações radicais que estão bombando lá fora, especialmente o Giant Discovery da Zamperla. São inúmeros caminhos.

Agradecimento especial a Raphael Figueiredo pelas imagens e texto.
Trip Report - Um dia no "novo" Hopi Hari Trip Report - Um dia no "novo" Hopi Hari Reviewed by Redação PA on quinta-feira, agosto 17, 2017 Rating: 5

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